Um poema de Vinícius de Morais
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa que ele fazia
Sendo sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- garrafa, prato, facão –
Era ele que os fazia.
Casa cidade nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele um humilde operário
Um operário em construção.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que um operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção.
E o operário disse: Não!
E o operário se fez forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- “Convençam-no do contrário”-
Disse o patrão sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
(e sofreu o operário sua primeira agressão)
Mas o operário disse: Não!
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontou-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse e fitou o operário
Que olhava e que refletia
E o operário disse: Não!
- Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que já é meu.
Esse é um belo e longo poema que apresento resumido e modificado. O original é bem mais longo, mas para os fins pelos quais apresento este recorte é de excelente serventia.
Vamos examinar o texto.
No texto original do poema, Vinícius faz uma alusão do texto bíblico de Lucas 5: 5-8. no qual o diabo leva Jesus a um alto monte para tentá-lo. O diabo é um mentiroso, Vinícius compara o Patrão ao diabo. O Patrão tenta corromper o operário com promessas de riqueza e de prazeres exatamente como o diabo tentou Jesus. Mas o Operário-Em-Construção, assim como Cristo, não se rendeu às mentiras que o Patrão (diabo) proferia, ele se manteve firme em sua resolução e disse Não!
O Patrão-Diabo representa o Capitalismo e seus defensores com as mentiras e promessas de riqueza. O Patrão-Diabo representa nossos maus políticos e nossos maus governantes, eles são mentirosos e perigosos, devemos nos afastar deles assim como Jesus e o Operário-em-Construção fizeram.
O Operário-em-Construção representa o Povo-de-Deus, ou seja, o Povo pobre e honrado que não aceita as indecências e que não se vende. O Operário-em-Construção é você!
Somos o Operário-em-Construção. Em construção porque ainda estamos nos libertando das amarras da mentira e da corrupção, ainda estamos nos libertando do medo de falar a verdade, quando estivermos todos unidos contra a opressão da mentira e da corrupção, quando estivermos todos unidos dizendo Não! Dizendo não a corrupção, dizendo não ao capitalismo e a seus defensores, dizendo não aos maus governantes, dizendo não aos bajuladores de satanás, quando estivermos todos unidos dizendo Não! Aí já não estaremos mais
Venha filiar-se ao PSOL para combater a opressão da mentira e da corrupção, venha construir um futuro melhor. Venha!
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